VÁ tudo como Dantes no futebol brasileiro
Uma
das frases mais emblemáticas de Albert Einstein diz que “loucura é continuar
fazendo o mesmo e esperar resultados diferentes.”
Foto:
Rafael Ribeiro/CBF
Ela
se aplica muito bem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que, menos de um
mês da surra levada pela Seleção diante da Alemanha, em casa, na semifinal da
Copa do Mundo, “muda sem mudar”, em vez de aproveitar a oportunidade para
promover uma verdadeira reformulação. Para início de conversa, o ideal é que
José Maria Marin, o atual presidente da CBF, renunciasse. Mas o ideal, muitas
vezes, é utópico demais. O Brasil poderia ter perdido por 17 a 1, que isso não
aconteceria. A sede pelo poder é quase que inabalável.
Como
se não bastasse, vem aí Marco Polo del Nero, que dará continuidade ao que aí
está – leia-se: federações estaduais acima do bem e do mal, “privilégios aos
amiguinhos” e ausência de boa formação no futebol de base, só para citar alguns
dos problemas. O anúncio de Gilmar Rinaldi como novo Coordenador das Seleções
Brasileiras reflete bem o quanto os mandatários do futebol brasileiro pensam
errado. Em vez de mentes inovadoras e progressistas, como as de Leonardo ou
Raí, o escolhido é um empresário de jogadores, agente Fifa, que exerce funções
incompatíveis e tende a desaguar no oceano do tráfico de influência.
Poucos
dias depois, Dunga é anunciado como “novo técnico”. Claro que o capitão do
tetra merece respeito por sua trajetória no futebol brasileiro. Concordo que o
seu aproveitamento como treinador da Seleção inclui mais vitórias do que
resultados negativos (títulos da Copa América e Copa das Confederações), e que
se não fosse aquele segundo tempo contra a Holanda (ah, aquele segundo tempo!),
talvez nossa visão sobre ele hoje fosse diferente.
Mas,
definitivamente, não era a melhor opção, quando o que se espera é uma
renovação, uma revolução, como preferem alguns. Em que pese o caráter
disciplinador de Dunga, que evitariam, provavelmente, a espetacularização da
Seleção Brasileira, estimulada pela Globo, e o comportamento de jogadores cujo
o foco são a coloração do cabelo e a marca da cueca, Dunga, por outro lado, não
representa ideias inovadoras capazes de dar um padrão tático ao time.
Para
completar, tem dificuldade de aceitar novas ideias. Fosse menos turrão, teria
levado Paulo Henrique e Ganso e Neymar em 2010, quando estavam no auge, mesmo
que fosse para ficar no banco de reservas – ao menos ganhariam experiência para
os outros mundiais. Lembra do que fizeram com Ronaldo? Não jogou uma sequer em
1994, mas desabrochou quatro anos depois, consagrando-se, enfim, na Copa
disputada da Ásia, quando foi campeão e artilheiro.
É
preciso pensar em longo prazo. Dunga, também é verdade, tem apenas duas
experiências como técnico: uma na Seleção e outra no Internacional. Será que o
momento não seria mais apropriado para Tite, que ganhou tudo no Corinthians e é
um profundo pesquisador do futebol mundial? Será que não era possível ousar
para trazer Pep Guardiola, um admirador do futebol técnico e ofensivo, tão
acostumado com os brasileiros que jogam na Europa?
O
futebol brasileiro não aprende com os erros. Entre eles, acredite, a escolha do
técnico da Seleção para os próximos anos não está entre os maiores. Insistimos
em formar jogadores apenas para o mercado europeu. Futuramente, eles não
desenvolvem compromisso algum com a amarelinha. Os times de base são mal
geridos e seguimos acreditando piamente que nossos talentos sempre farão a
diferença nos momentos de aperto. E enquanto cartolas como Teixeiras, Marins e
Del Neros continuarem dando as cartas, tudo continuará como Dantes no quartel
d’Abrantes. E ninguém aqui é louco para esperar resultados diferentes de quem
faz o mesmo...
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